sábado, 13 de maio de 2017

Cotidiano II Casa das formigas

Casa velha, janelas com traves.
Parede caiada a descascar
Colchão surrado de junco
Chão de cimento brilhando
Não podia pisar pra não manchar
Roupas com cheiro de sol secando
Alguns tamboretes para sentar
Fogão de lenha tisnando
Bule de café cheirar
Lá fora uma brisa conhecida
Com as carnaúbas ribeirinhas balançar
O som das lavandeiras ao longe
Quanta roupa pra lavar
Menino chorando, quero pão
Outro dizendo quero mamar
Tanta rede com rebento acordado
Pouco alimento e chão pra albergar
Todos com corpo espicaçado
De tantas formigas abarracar
A casa das formigas tem o que contar
Todos os dias sair cedinho
Pro outro lado da cidade trabalhar
Primeiro café quentinho
Somente a noite voltar
Terreiro varrido com galho de vassourinha
Fazendo desenho tão peculiar
Minha mãe magrinha
Que até a porta vai pra me abençoar

2 comentários: