sábado, 9 de maio de 2015

A minha mãe Nevolanda


Algumas pessoas não conseguem imaginar a preciosidade que tem em mãos, o quanto esse bem é valioso, e como devemos cuidar conduzir para que possamos viver essa vida até o último minuto. Eu ainda os tenho, minha Avó que ainda esta aqui e a Minha MÃE voltou à casa do PAI.
Falo da Vida, do amor materno, do amor fraterno, do bem querer que este ser nos transmite, sem cobranças, sem regras, sem moeda de troca. Não lembro do meu nascer, mais sei da alegria de ser mãe, não só no momento da dor, mais no dia a dia, no abdicar muitas vezes de si para dar vida, brilho, conforto a outro, esse ser que para muitos na velhice são descartados, são pesos mortos. É existe sim gente que faz isso, com animais, com seres, com família.
Poder ver esse amor intenso até na sua última hora, quando muitas vezes naquele hospital a Senhora sofrendo me dizia: “Senta Socorro dorme um pouquinho” Lembrar isso me faz rever certas atitudes, ver o brilho se apagando dos olhos de quem se ama doe na alma, faz você querer trocar muitas vezes de lugar, mais no mesmo instante você sabe do quanto ela sofreria com isso. A fragilidade da vida, os pedaços de momentos vividos passam na sua mente como reprises e você se pergunta em qual ponto dessa jornada você errou, onde deixou de amar e a síndrome do epitáfio lhe invade.
Todos os dias que anteciparam sua viagem eu te abracei te pedi perdão por falhas, disse que a amava, e eu sabia que você também sabia que cada abraço tinha um pouquinho de despedida, te abraçava na saída e na chegada e a cada vez que te levantava da cama, dizia eu nesse momento: “Não posso fraquejar temos pouco tempo”, lhe agradeci pela vida, lhe agradeci pelo trabalho, pelo amor, e me sentia tão feliz quando no abraço você me beijava com se eu criança ainda fosse. Fiz tão pouco, pelo muito que ganhei, eu agradeço a Deus pela permissão e pelo privilégio de ter te entregado aos Nossos, de ser a sua mãe quando a mesma não pode estar com a Senhora, de acalentar a sua dor, de segurar as suas mãos quando me disse que tinha medo, medo dos mortos, medo da morte.
Consegui na última hora do anjo, fazer a oração para a Senhora já na ânsia da partida, cantei Ave Maria para amenizar sua dor, até ouvir música mais minha irmã. Mamãe um turbilhão de sentimentos me invadiu, não conseguia pensar em nada, apena que tudo estava consumado. Que o nosso maior vínculo tinha voltado à Casa do Pai, que agora a Senhora estava em boas mãos, sem dor, sem sofrimento, ao mesmo tempo um nó na minha garganta se fazia, pois lembrei no último instante que apesar de acreditar não ter tudo acabado eu não mais iria te ver com olhos, apena sentir a sua presença.

Hoje Minha mãe posso te perfumar, te abraçar, te enviar flores e minhas orações com a certeza de que receberás todas as dádivas na Casa do Pai Maior. Como podes ver Mamãe estamos bem e tentando aprender a viver sem a sua presença, deixe eu lhe dizer também que compreendi tudo que ofuscava a minha mente. Minha Mãe como somos frágeis, como somos egoístas, inexperientes, como nada do que coadunamos não nos serve para nada se terminamos tudo da mesma maneira.  Nesse seu dia mais um abraço minha Velha.

Por Mim, Socorro Oliveira