segunda-feira, 6 de novembro de 2017

ENTRE UM NÓ E OUTRO



Estou eu aqui com 5 quilos de cordão e pesando como ficará a minha cortina em macramê, minha primeira peça ornamental. Pra quem não sabe a palavra Macramê  significa Nó, Há versões que dizem que a palavra vem do árabe, outras do turco, outras ainda do francês. A mais provável é a origem do árabe migramah, que significa franja ornamental. Com a conquista da Península Ibérica, a técnica foi introduzida na Espanha e depois por toda a Europa. É uma arte que se originou na pré-história, quando o homem aprendeu a amarrar fibras para se agasalhar e criar objetos. Foi difundida no mundo por marinheiros que utilizavam a técnica para criar objetos marítimos que permutavam nos locais onde desembarcavam.
Pois bem estou aqui começando a tecer e pensado nos nós da peça e imaginando na semelhança entre os nós da vida e os nós da arte, ambas são feitos e desfeitos até chegar à perfeição, aliás perto dela. Vou tecendo e a habilidade vai brotando, assim como na vida. Acerto aqui, erro ali, desmancho, recomeço, retorno ao caminho, a habilidade aflorando, mais na frente outro tropeço. Desmancho.
Penso – Se você é uma pessoa que não aceita ficar parado, quer que sua vida ande, mas sente que há um "nozinho" que a segura, não entregue os pontos. Vá atrás dos seus objetivos. Busque ajuda se pensa que sozinho não consegue, busque profissionais.
Quando engravidei de meu Primeiro filho queria decorar com crochê, porém não sabia, não tinha material e nem por onde começar, todas as tardes eu conversava com uma vizinha que trabalhava muito bem, fazia peças maravilhosas então pedi  para me ensinar e ela alegou dizendo ser muito difícil, que eu não iria aprender, enfim não deu a mínima à minha vontade de aprender, então tomei uma decisão: Vendi uma prancheta Arquimedes que eu tinha, passei no armarinho e comprei 20 tubos de linha Cléia laranja, e fiquei memorizando os movimentos que ela fazia com as mãos, todas as  tardes eu estava lá vendo e memorizando, quando chegava em casa tentava fazer. Resumindo quando meu filho nasceu ela veio me visitar e para sua surpresa todo enxoval estava decorado com crochê feito por mim, que mesmo sem querer ela me ensinou, não só o crochê mais lutar pelo o que eu queria.
E assim pensando na facilidade de aprender hoje minha cortina vai tomando forma, um olho no Youtube e outro nos nós, depois de uma semana de ata e desata finalmente ela abrilhanta o hall de entrada do meu CANTO. 

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

O amanhã















Agora me bateu uma saudade grande
Que dói que aperta que escorre pelos olhos,
Saudades de seu cheirinho, do seu jeitinho
De conversar com você.

Agora me bateu uma saudade grande
E a certeza de que minha imperfeição não me deixa lhe ver
Que não mais posso te ouvir
E não tenho mais pra onde voltar.

Agora me bateu uma certeza
De que talvez as minhas crenças não estejam tão corretas
E de que o medo de não vê-los me cerca
Eu não tenho mais vocês.

Agora me bateu forte no peito
Que tenho que regar mais as minhas raízes
Que tenho que solidificar meus frutos
E amar mais do que posso.

Agora me bateu a dor da solidão
De ficar ou de deixar vocês,
A incerteza da hora angústia
De quem vai e de quem fica.

02/11/2017

domingo, 8 de outubro de 2017


Queria ser feliz
A felicidade estava
aqui ou ali
Buscava a luz
mas, a escuridão a escondia
aqui ou ali
Procurava o amor
aqui ou ali
Sabia que dele fugia
e a solidão lhe encontrava
aqui e ali.
Na verdade só tinha
ele mesmo aqui ou ali.
Brincava de amar
mas, queria se apaixonar
aqui ou ali
E assim saía a machucar
aqui ou ali
Outros braços estreitar
aqui ou ali.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Amigo é coisa pra se guardar direito, no lado esquerdo do peito



Obrigada
Ao amigo pelo sincero olhar
Pelo respeitar no calar quando não quero ouvir
No visitar quando ninguém ficou de vir
Obrigada
Pela singela homenagem quando nada tem a homenagear
Do calor do abraço quando ninguém quis abraçar
Pelo sopro na ferida a aliviar
Obrigada
Quando me aceitou como irmão quando a orfandade de amor chegou
E as agruras que fazem sua presença dissipar
Obrigada
Pela a palavra certa que veio quando tudo silenciou
Nas horas de angustias e solidão me impediram de levantar
Amigos que já voltaram à casa do pai e continuam de lá me acompanhar,
Hoje sinto de não ter sabido agradecer quando podia
De amar quando não queria
Amigos são  irmãos não consanguíneo que o amor faz circular
Neste dia celebramos o amor fraterno sem laços e amarras
Tenho irmãos tão mais irmãos que meus próprios irmãos
Passei aqui para abraçar e algumas palavras de amor  à registrar.

Amor Querido


Ao nascer eu escolheria você como amigo
Seria meu invisível na infância quando brincar
Pois saberia que encontraria abrigo
Já no adolescer teria você para sonhar
Esse amante amor amigo
Que se declara como música desafinada
Com seus erros tão acertados
Deixa-me sempre com coração apertado
Que a eternidade seja cada momento nosso
Tão nosso que nunca estarás só
Pois quem lhe procura me acha
Ah... Meu tão querido amor
Até a morte sabe que não irá nos separar
Pois nosso amor desmedido
Foi traçado na eternidade
Não só no seu dia mais em todos os outros
Será sempre meu amante amor amigo

Feliz dia seu meu amor querido.

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Mudança

“Mudança é a única coisa permanente na vida” diz o filósofo Heráclito, temos necessidade de mudar, arrumando a bagagem coisa que você faz ao tomar concepção de que não está aqui para sempre, nesta terra, nesta casa nesta vestimenta, olho pro anel de ouro com brilhante e me pergunto: caberá no meu dedo para onde eu vou? Todas estas roupas, estas pratarias encaixotadas, estes cristais embalados cuidadosamente, para onde eu vou necessito de tudo isso?
O professor e filósofo Mário Sérgio Cortella“ em um discurso na FIESP, fala que “mudar é complicado; mais se acomodar é perecer”. Há risco maior do que acomodação? Creio que o perigo maior está em não mudar, mas, não a física, e sim da alma, mudar por mudar é ainda muito pior, mudar para melhorar o mundo, resgatar a fé, perseguir a humildade dos que têm alma limpa. 
Na minha nova casa não vai ter concorrência, não precisamos ostentar, o trem da partida não guarda bens acumulados a não ser da alma. A vestimenta já se faz desfeita apenas restos dela se depositam na caixinha que volta do pó ao pó.
Daqui não levo nada, apenas a saudade das plantas que acredito que elas vão me encontrar como entes amados com empatias. 
Minha bagagem começou a ser arrumada aos 25 anos, nesta data fiz como a cantora Vanuza “vasculhei minhas gavetas, joguei fora sentimentos tolos, fiz limpeza nos armários, retirei traças e angustias da minha mente e parei de sofrer por coisas pequeninas, deixei de ser menina pra ser mulher”, fui mãe.Aí que percebi a importante da travessia por este lugar onde expio e lapido e, uno-me à almas afins, que me enlaçam e marcam o mesmo bilhete na estação.
Aqui comecei a compreender a história dos dois baldes, (parábola que ouvi quando criança contada por Frei Basílio, no Colégio Ambulatório, no Alto da Conceição, em Mossoró) e tento seguir o caminho do carregador de águas, (engraçado lembrei da Poeta, Advogada e Psicóloga Tatiana Morais), querendo ser o balde com rachaduras, que na realidade todos nós somos baldes rachados com defeitos e limitações.
Assisti outro dia no canal History que estudo científico encontra primeira prova de que existe vida depois da morte, acredito na imortalidade da alma, já não tenho medo, procuro cuidar da minha arrecova, sem papel de seda, caixas de cristais, plástico bolha ou jornal, conteúdos que possam me esperar na minha morada de regresso só quero encontrar aquele caminho florido ou quem sabe as Violetas na Janela, que Patrícia narrou e Vera Lúcia Marinzeck tão bem compreendeu e publicou.
Como Skank canta  em sua  Gentil Loucura,  “Hoje eu tô jogando tudo fora, Tudo que não presta mais, Todo o lixo que juntei”. Quando embarcar espero estar limpa.

terça-feira, 20 de junho de 2017

ALIENAÇÃO PARENTAL

Passamos por fatos na vida e por muitas vezes não sabemos o que estamos falando ou causando a outrem, observando o cotidiano de quem viveu o processo de Alienação Parental (onde um dos parentes, pais ou membros da família) promove uma campanha de desmoralização de outro manipulado com intuito de transformar pai, mãe em estranho, a criança é motivada a afastá-lo do convício. Esse processo pode ser praticado por avós, tios, pais e até terceiros “amigo”, essa síndrome diz respeito aos efeitos emocionais e as condutas comportamentais desencadeando na criança que foi vitima desse processo. É uma enfermidade que afeta o âmbito familiar, onde dificilmente o quadro pode ser revertido quando a criança se torna adulto e não reconhece que tem problemas, as acusações sem provas continuam a ser jogada ao vento transformando no que deveria ser amor em dor.

Não sou psicóloga nem psiquiatra, porém acredito que quanto mais se tenta mostrar a verdade mais obscura lhe parece ao alienado, e quando não tem ajuda de profissionais e provas cabais do que se viveu mais problema são enraizados na mente humana. Falar por falar, maltratar com assuntos que não diz respeito a outrem, manipular a criança de forma errônea, trazer pra si com mentiras e estórias absurdas podem deixar dores para o resto da vida, às vezes comentar assuntos que não dizem respeito, histórias pejorativas, omissão de fatos relevantes à criança, mensagens contraditórias que deixam os filhos receosos da presença de outro (pai,mãe, irmãos),dizer que a criança foi abandonada por quem ela gosta, trás sequelas drásticas irremediáveis.

Não precisam ser estudiosos da psicologia para verem as sequelas deixadas pela alienação, vários fatores que talvez nunca sejam corrigidos, onde muitos buscam uma fuga da realidade massacrante com o qual não consegue lidar, impedindo que prossigam com suas vidas e elaborem o luto pela separação seja dela de quem for.

O que existe de mais perverso na humanidade é causar desprezo pelo outro, pelo que acredita ser desamor onde crianças e adolescentes se tornam verdadeiro instrumento de ódio e de vingança.

Ainda bem que Alienação Parental HOJE reconhecidamente é crime segundo a Lei 12.318 de 2010, então aconselho aos navegantes que pense duas vezes quando for conversar com crianças, adolescentes, quando citar fatos irrelevantes ou mesmo relevantes, que isso não venha prejudicá-los futuramente, que para ser amado não precisamos denegrir a imagem do outro, que não precisamos ferir para ser amado, no coração humano existe espaço para pais, mães, tios, avós, irmãos, amigos, que o amor é universal e intransferível, o que se cultiva com alienação é dor, sofrimento, solidão, vingança, sangue, morte. Então! Pensem antes de falar.

domingo, 14 de maio de 2017

Cotidiano III Datas

Não me lembro de datas
Não me lembro de flores
Não me lembro de bolo
Não me lembro de festas.

Lembrança somente dos parabéns
que todo ano ouvia ao acordar
antes do café antes das viagens
antes do seu labutar.

Eram tantos que quase todo dia
tinha para quem cantar
Logo com sua trouxa de roupa
Para o rio caminhar.

 As carnaúbas com seu testemunhar
ouvia também as recomendações
de como eu devia da prole dela cuidar
Não podia fazer indagações.

Na volta à cor púrpura do sol na água
O cheiro da limpeza tinha que constar
na casa, nos filhos, até no fogão a tisnar.
Ainda muita roupa para passar

Para no outro dia começar a entregar
E o sonho de família
Você sempre quis se perpetuar.

sábado, 13 de maio de 2017

Cotidiano II Casa das formigas

Casa velha, janelas com traves.
Parede caiada a descascar
Colchão surrado de junco
Chão de cimento brilhando
Não podia pisar pra não manchar
Roupas com cheiro de sol secando
Alguns tamboretes para sentar
Fogão de lenha tisnando
Bule de café cheirar
Lá fora uma brisa conhecida
Com as carnaúbas ribeirinhas balançar
O som das lavandeiras ao longe
Quanta roupa pra lavar
Menino chorando, quero pão
Outro dizendo quero mamar
Tanta rede com rebento acordado
Pouco alimento e chão pra albergar
Todos com corpo espicaçado
De tantas formigas abarracar
A casa das formigas tem o que contar
Todos os dias sair cedinho
Pro outro lado da cidade trabalhar
Primeiro café quentinho
Somente a noite voltar
Terreiro varrido com galho de vassourinha
Fazendo desenho tão peculiar
Minha mãe magrinha
Que até a porta vai pra me abençoar

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Cotidiano I A Fome




Lá vem ela subindo a ponte
com a lata na cabeça a caminhar
Sofrida magrinha, triste pela sina sem norte
Que vida tem que levar
Passos oscilante pelo peso d’água
Ou da criança a saía segurar
No corpo acentuada gravidez
Em casa tem mais prole a esperar
Muitas idas e vindas
Precisa se municiar,
São tantas caminhadas
Passos largos a correr,
e logo em casa chegar
Na panela tão pouco comer
Alguns grãos de feijão
Porém muita criança para alimentar
Muitas vezes só água e pão
Dorme filho, que a fome vai passar.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

O olhar de madre



Almas que os caminhos cruzaram
Com a missão de se encontrar
Vidas distintas que se afeiçoaram
E seguiram no mesmo caminhar

hoje o olhar de quem não germinou
Olha de firmeza com coração
É o mesmo de quem a  gerou
o pequeno rebento acalentar

É verdade que não sois minha
Do meu ventre alimentada
Porém, Deus ao seu jeito
Colocou nas entranhas onde o amor se aninha

Agradeço ao Pai por me confiar  
À vida com o seu desenrolar
De mostrar que amar é somar
Principalmente, no se doar

Com seu encanto e sabedoria
Transformou-se em mulher e cresceu
Hoje mãe no mesmo abril.

Parte Arrancada



Às vezes sonho,
Outras vezes escrevo
Muitas vezes viajo em lembranças.
Mais hoje só observo,
A minha criança de antes
Mulher feita inteligente
Caráter e confiança
Sábia destemida
Assim se faz minha Jade
Filha minha para o mundo
Sempre ligada a mim
Estaremos eternamente ligadas
Pelo amor, pelas emoções
Amiga e filha se confunde
Amor e compreensão
Cordão que não se rompe
Vindo de outras encarnações
Neste dia se confirma
22 anos vividos.
Siga sempre em frente
Estarei contigo por toda vida.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Partida



Não foi sonho, foi pesadelo
A noite tratou de mostrar a sua partida
Olhos que veem coração que não crê
Chegou à hora marcada de você embarcar

Ali segurando sua mão vi o calor dissipar
Como uma vela a se apagar
Estou na orfandade
Ainda não aprendi a aceitar

Dois anos se completar nestes 21 de abril
Por vezes me pego em desalento
Em uma dor profunda de saber que aqui não está
Quem vai falar da criança pueril

Parte da minha história se perdeu em algum lugar
Com tantos detalhes, tantas dores 
Levou contigo e ninguém saberá relatar
Os anos vividos  em cada lugar

Por muitas vezes permeia meus pensamentos
Me custa acreditar, que não vou mais te abraçar
Que não tenho mais a sua casa  pra voltar
Nem mesmo de sua sabedoria à compartilhar

Pra todos que aqui ficou e não poderá contar
Com o seu cheiro
Com o seu abraço
Com o seu Deus te abençoe a acompanhar

Precisando de um olhar urgente
Que não tenho mais pra quem contar
Como fazer sem você mãe
neste mês que está a se avizinhar.

terça-feira, 14 de março de 2017

Corpo


Pescoço talhado como garça
Cravado na coluna
Formando saliente arcas
Singularidade na sua vastidão

Embuçar tudo no contexto 
O quê foi desenhado em curvas
Com um entrelaçar
A fechar o quê se estava à alvitrar

Um jogo de esconde e mostra
Um côncavo, um colo, uma vulva
Pernas que se cruzam
como portas à trancar

Onde habita horizonte
Por segundos, até por horas
Quando decifra histórias
E fazes os pelos arrepiar.



segunda-feira, 13 de março de 2017

No feminino

Origem
Corpo
Cabeça
Curvas

Essência viva
Exalar
Perfuma
Floresce

Ata
Sangra
Manda
Desata

Conquista
Articula
Excede
Resolve

Às vezes é
Altruísta
Afável
Egoísta

Sensual
Vulnerável
Sensível
Inesquecível

Sempre
Dúctil
Intensa
Forte


Ser que
Gerar
Pari
Aleita.

12/03/2017

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Minha Cidade, Minha casa I



Pessoas circulam sob a ação de qualquer força motriz
pelas estradas atulhadas, de transporte, gente, animais.
Hoje uma Índia no meu nordeste.
Trinta anos atrás era tão belamente pequena e modesta.

Conta à história que muita coisa foi deficiente
testemunhei algumas, outras só ouvi,
delas me fiz presente na labuta
algumas vezes desenhei, outras até escrevi.

Caminhar madrugada afora
Pois, essa era hora da voltar ao trabalho,
parando aqui e ali: namoro,história, estórias,
regada a gargalhadas e cervejas.

Volto e quase nada encontro,
meus jornais já não existem,
não sinto mais o cheiro da tinta,
a paz daquelas madrugadas foi roubada.

Minha cidade cresceu,população nova.
Cruzo com gente e não sou reconhecida:
amigos, ruas, calçadas, todos mudaram.
Só o seu calor ainda aconchega a gente.

Muitos anos aqui vivi, tanta gente conheci
andei por lugares longínquos, em jornais.
Porém, seu cheiro e calor nunca encontrei igual.
Regressa à minha cidade é menear à memória.

Buscar em cada cantinho um fragmento,
uma lembrança, uma estilha daquele tempo.
A realidade daquilo tudo ficou gravado
na carne e na vida que dorme comigo.

14/02/2017

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Minha Cidade, Minha casa

Foto Claudino


Sigo de ônibus correr a estrada de asfalto,
que era margeada por uma vegetação a inflamar
galhos secos, carrapichos pronto a enfurna-se nas roupas
o som dos arbusto ao vento seco querendo nos embalar.

Sol quente a pino, tudo quieto,  
somente os pneus a devorar a estrada,
onde a linha divisória entre o asfalto e o céu,
confundia-se com tremulas faíscas de ar quente.

A roupa já grudava na pele,
a cada margem surgia um verde acanhado,
das acácias  e carnaúbas resistentes,
vegetação ressequida, polvilhada de cinza triste.

O sol castigava em declínio
avistando ao longe trêmulas silhuetas
edificadas pelo crepúsculo que já se avizinhava
respiro aliviada, feliz, estou voltando.

A noite do sol do deserto é fria
lembrei de como era a volta da labuta na sua moto,
agarrada a sua cintura deixando você ser meu guia,
e tudo volta como uma foto.

Chegar e caminhar com mais vagar,
senti seu ar prenhe de poeira fina,
seu aconchego de casa de mãe
seu instigar a ficar acordada.

Atiçada a jogar conversa fora,
nos bares calçadas e praças suas
sentir seu frio desértico eirado
beber sem pressa, sorver cada gota.

Escrever com a mente
e executar com o corpo
assim se fazer presente
na minha casa tanto tempo ausente.
12/02/2017