terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Minha Cidade, Minha casa I



Pessoas circulam sob a ação de qualquer força motriz
pelas estradas atulhadas, de transporte, gente, animais.
Hoje uma Índia no meu nordeste.
Trinta anos atrás era tão belamente pequena e modesta.

Conta à história que muita coisa foi deficiente
testemunhei algumas, outras só ouvi,
delas me fiz presente na labuta
algumas vezes desenhei, outras até escrevi.

Caminhar madrugada afora
Pois, essa era hora da voltar ao trabalho,
parando aqui e ali: namoro,história, estórias,
regada a gargalhadas e cervejas.

Volto e quase nada encontro,
meus jornais já não existem,
não sinto mais o cheiro da tinta,
a paz daquelas madrugadas foi roubada.

Minha cidade cresceu,população nova.
Cruzo com gente e não sou reconhecida:
amigos, ruas, calçadas, todos mudaram.
Só o seu calor ainda aconchega a gente.

Muitos anos aqui vivi, tanta gente conheci
andei por lugares longínquos, em jornais.
Porém, seu cheiro e calor nunca encontrei igual.
Regressa à minha cidade é menear à memória.

Buscar em cada cantinho um fragmento,
uma lembrança, uma estilha daquele tempo.
A realidade daquilo tudo ficou gravado
na carne e na vida que dorme comigo.

14/02/2017

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Minha Cidade, Minha casa

Foto Claudino


Sigo de ônibus correr a estrada de asfalto,
que era margeada por uma vegetação a inflamar
galhos secos, carrapichos pronto a enfurna-se nas roupas
o som dos arbusto ao vento seco querendo nos embalar.

Sol quente a pino, tudo quieto,  
somente os pneus a devorar a estrada,
onde a linha divisória entre o asfalto e o céu,
confundia-se com tremulas faíscas de ar quente.

A roupa já grudava na pele,
a cada margem surgia um verde acanhado,
das acácias  e carnaúbas resistentes,
vegetação ressequida, polvilhada de cinza triste.

O sol castigava em declínio
avistando ao longe trêmulas silhuetas
edificadas pelo crepúsculo que já se avizinhava
respiro aliviada, feliz, estou voltando.

A noite do sol do deserto é fria
lembrei de como era a volta da labuta na sua moto,
agarrada a sua cintura deixando você ser meu guia,
e tudo volta como uma foto.

Chegar e caminhar com mais vagar,
senti seu ar prenhe de poeira fina,
seu aconchego de casa de mãe
seu instigar a ficar acordada.

Atiçada a jogar conversa fora,
nos bares calçadas e praças suas
sentir seu frio desértico eirado
beber sem pressa, sorver cada gota.

Escrever com a mente
e executar com o corpo
assim se fazer presente
na minha casa tanto tempo ausente.
12/02/2017