No decorrer dos meus 57 anos, a caminho 58, tenho observado
a vida e aprendido a ver nas entrelinhas como somos sós, absolutamente sós, com
nossas dores, nossos problemas. O quanto nos mostramos insensíveis com quem
deveríamos nos importar, basta uma rápida olhada nas redes sociais.
Ajuda é empatia, olhar é se preocupar é amar, é ver no
próximo você mesmo. Na realidade das coisas, AMOR e RESPEITO é o que está faltando
à humanidade, vemos tantas desgraças acontecendo e parece que estamos anestesiados,
não reagimos. Daí você se depara com a
dor de um paciente, que olhando para seu médico sentindo que ele é o próprio Deus
que vai aliviar sua dor – “ E olhe que
muitos médicos se acha o Próprio, conheço alguns que na casa dele não são
convidados outros que não são da mesma classe.” Ouvi de um psiquiatra “O
atendimento nos postos de saúde são para arrebanhar votos”.
A vida virou uma caminhada olhando somente para frente ou
para nós mesmos, sem prestar muita atenção ao nosso redor. Não creio que estejamos
mesmos cegos, mas a viseira do egoísmo cresce à medida que as pessoas se acham
superiores, ignoram moradores de rua, ignoram o sofrimento de pessoas que
conhecem (e pasmem: até do próprio sangue), a política, dos maus tratos, a fome,
o desemprego, a violência. Apáticos, olhando apenas para o próprio umbigo.
Sejamos mais condescendentes com aquilo que o outro está
vivendo, sejamos mais misericordiosos com a dor alheia. Cada um passa por
momentos difíceis na vida, por aflições. E como desejamos ser compreendidos,
ser acolhidos; como desejamos uma palavra de carinho.
Assim, como queremos ser tratados, tratemos também o outro
naquilo que ele vive, e mais do que isso, não julguemos o outro com os nossos
critérios, ou como diz meu Brito – “não
meça o outro com sua própria régua”, – olhe aquilo que o outro passou, veja a
história dele, que você nem conhece, se coloque no lugar dele, ouça suas dores,
necessidades. Você veria com outros olhos e teria outra opinião!
Hoje a capacidade de menosprezar a dor alheia, dos
insensíveis de plantão, é uma habilidade tão inerente ao caráter delas que nem
devíamos nos admirar com estes tipos de atitudes e comentários, sejam no mundo
virtual ou não.
Nós possuímos o dom de salvar, de aliviar dores, de
alimentar a fome, ou simplesmente destruir uma vida com nossas palavras: com
desprezo, imparcialidade, desdém.
Benditos sejam aqueles que mantêm a boca fechada quando não
possuem nada de bom a dizer, pelo menos nas redes sociais. Lembro uma frase que
muito ouvi de minha mãe, que já não está nesse plano de expiação – “Queira ter
mão para ofertar, nunca para mendigar”. A vida aqui na terra é como um interruptor,
não adianta levar flores, perfumes, caixão e mortalha bonita. Daqui só levamos
o amor construído.