quinta-feira, 1 de abril de 2021

O Copo

 


Escrever precisa de alma

Para alcançar a mente.

Avaliar sentimentos e transformar em palavras

Aliar o raciocínio, onde cabe e não cabe.

 

O amor alcança a alma,

Flui a palavra, os contos,

A dor toca e os sonhos brotam esperanças,

Brota a rima, e o Frêmito.

 

Do que se escreve tem peso:

Os que você dá e a que se entende.

Como um copo vazio depois do trago,

Esvazia, enche, depois transborda

Por isso escrevo.

 

Madruga de 23/03/2021


Abismo

 


Abismo

Dentro de cada ser existe um abismo,

Que você não imagine de que,

Talvez da fragrância de um perfume escondido,

De um carinho contido, do som de uma canção.

 

Dentro desse coração marcado

O abismo é raso e, tudo se transforma em entulho,

Entulhos em nugas, que pesa,

Pesa tanto que se transforma em rugas.

 

Será que um dia te amei?

Ou amei o amor que sentia por ti?

Confundi o meu coração

Com os entulhos que ali deixei.

 

Socorro Oliveira

Madrugada de 23/03/2021


Pandemia I

 



Mente ferve buscando palavras para expressar a dor,
As incertezas do que não se ver, só no que se noticia.
Rostos ocultos com máscara, como o vírus
Que circula sem ser visto, nas mãos posta que oram,
No sapato que pisa.
Deserto nas avenidas de família separadas,
Uma atmosfera de guerra silenciosa, velada.
São tantos e tantos sucumbido e outros tantos a serem,
Ele ali no movimento do ar, a proliferar.
No pânico dos rostos cobertos, nas mãos embriagadas,
Que não cumprimentam nem abraçam, pois o afago afasta, mata.
Pra todos os lados se ver, o que um minúsculo oculto pode fazer.
A humanidade em angústia, em pandemia.
Ameaçador espreitando os desacreditados da dor,
Que não usam máscaras nem se embriagam,
Não veem não sentem, não acreditam que o vírus
Está visível nas valas, nas lápides, nos hospitais, nas estatísticas.
Sucumbe o amigo, o pai, o filho, o desconhecido.
Ainda vivo pra contar, dizer do que vi e ouvi.
Não falar do que está acontecendo, é negar sua visível presença.
Socorro Oliveira
Madrugada de 20/05/2020