quinta-feira, 1 de abril de 2021

Pandemia I

 



Mente ferve buscando palavras para expressar a dor,
As incertezas do que não se ver, só no que se noticia.
Rostos ocultos com máscara, como o vírus
Que circula sem ser visto, nas mãos posta que oram,
No sapato que pisa.
Deserto nas avenidas de família separadas,
Uma atmosfera de guerra silenciosa, velada.
São tantos e tantos sucumbido e outros tantos a serem,
Ele ali no movimento do ar, a proliferar.
No pânico dos rostos cobertos, nas mãos embriagadas,
Que não cumprimentam nem abraçam, pois o afago afasta, mata.
Pra todos os lados se ver, o que um minúsculo oculto pode fazer.
A humanidade em angústia, em pandemia.
Ameaçador espreitando os desacreditados da dor,
Que não usam máscaras nem se embriagam,
Não veem não sentem, não acreditam que o vírus
Está visível nas valas, nas lápides, nos hospitais, nas estatísticas.
Sucumbe o amigo, o pai, o filho, o desconhecido.
Ainda vivo pra contar, dizer do que vi e ouvi.
Não falar do que está acontecendo, é negar sua visível presença.
Socorro Oliveira
Madrugada de 20/05/2020

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