segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Filhos fora do casamento

Foto do Site Outras vidas.
O ser humano tratado como propriedade, o papel do casamento ou dos filhos fora do casamento, os chamados bastardos,  diz o dicionário; “Filho bastardo; quem foi gerado por uma relação fora do casamento”. Pois GERADO filhos em igual teor e quantidade, deveria ser, ou mesmo ser eliminado a palavra bastardo. São filhos, tem os mesmos “direitos afetivos” corre o mesmo sangue, apenas uma das partes tem pai ou mãe diferente.
Mais o título de propriedade cava uma enorme vala onde lá contém valores, preconceitos, e uma carga de emoção que impede um filho de memórias, da familiaridade
, de amor fraternal. Sempre pensei no que não conheci do meu avó materno, e lembranças povoaram minha mente desde então, assim como questionamentos sem resposta e nunca as terei, pois, ambos envolvidos já não se encontra mais conosco.
Lembro que sempre tive notícias de meu avó através do amigo Crispiniano Neto, que chegava a redação do Mossoroense me falado nele, do “Coronel Onésio” como ele dizia, também tenho lembranças através de um sinal de nascença que tínhamos iguais ela nas costa e eu na barriga. 
Filhos privados de conviver com outros membros, digo isso em causa própria, outro dia encontrei uma prima,  filha de Tia Délia em um teatro, sei que era aquela criança que eu a coloquei no colo por diversas vezes, mais o desenrolar dos fatos não me deixaram aproximar-se e me identificar.
Perde-se histórias com isso, fragmentos de dor se coloca onde deveria existir amor, boas lembranças, o quê significa mesmo um nome? Também me perguntei diversas vezes, além do registro de nascimento constando que são irmãos de pai e mãe para que serve esse título onde somente consta a casta? Não faz muito tempo minha mãe liga para um membro da família, um político Senador para ser mais precisa, e escuto quando ele lhe rebate – Porque você tirou o nome da família? Porque seus filhos não carrega o nosso nome?
Seria menos filho o tal NOME? Menos neto, menos sobrinho? Isso me faz lembrar do discurso de Danielle Miterrand esposa do ex-presidente François Miterrand, ao povo francês, após ter recebido críticas impiedosas por ter permitido a presença da amante do marido e de sua filha, Mazarine, na cerimônia fúnebre. – “Há mulheres que não se colocam embora estejam; que não se situam embora componha o cenário da situação presumível. Entendo como o presidente François todos tem o direito de amar, não só uma mais diversas vezes, ter quantos filhos a idade e a situação permitir, só não consigo compreender como se é privado o direito à liberdade de amar, achar que somos feitos para viver um único e eterno amor é hipocrisia”, assim como negar o parentesco (casta), que fulano é irmão de sicrano pelo fato do pai e a mãe não ser a mesma.
Simone de Beauvoir dizia, temos amores é necessário.
Ainda citando o que Danielle falou no discurso – precisamos viver sem mesquinhez, sem um sentido pequeno, lamacento, comuns aos moralistas, aos caluniadores e aos paranoicos azedos que teimam em sujar tudo.
Afastar um filho do pai, de um outro irmão, de avós e privá-lo desse convívio é o que chamamos de alienação, isso deixa dores marcas para a vida inteira.
Graças a Deus compreendi isso durante os quatros anos que passei no estudando no Bezerra de Menezes, aprendi que nessa vida o que importa realmente é o Amor, e com a passagem de minha mãe tive novas lições, ou seja Comprovações, que a diferença só acontece nesse plano, e que quando voltamos para a Casa  do Nosso Pai Maior somos todos uma grande família, comprovei isso quando ela falava que estavam chegando naquela Estação (quarto) para recepcioná-la no seu embarque, ouvi por diversas vezes ela dizer: Huita, Madrinha Rita, Papai, agradeço a Deus por me proporcionar a realização do que tanto estudei, do que tanto tentei entender mais a  venda não me deixava compreender. 
Dá o primeiro passo em se aproximar do outro como se fosse um gesto simples se torna uma batalha que jugamos antecipadamente que vamos perder, pela alienação cometida, mas a vida tem mesmo maneiras estranhas de restabelecer a ordem natural das coisas e o amor sempre se encarrega de unir, tirar as vendas, eliminar a casta e tornar nosso novo embarque menos doloroso.