O cheiro da cozinha desperta
lembranças
Da casa cheia de
expectativas para o almoço
As lágrimas descem sem
barreiras
São tempos difíceis de
passar nesta pandemia
As horas avançam e lá no
fundo a panela assovia
Olho atenta para ela
Talvez, por alertar o tempo
ou me tirar da nostalgia
Uma dor de cabeça repentina
afasta as lembranças
Me preocupo, não é a pressão
da panela que chia
É o meu velho coração me
alertando
Não pode deixar as emoções
invadir-me
O que conta agora, é
esperar.
Fica pronto o prato do dia:
feijão cremoso
Que minhas filhas amam, uma
gosta por causa da avó
Outra não revela o porquê,
Sei que meu coração saudoso
irá impedir tão saboroso alimento.
A medicação afoga a fome,
deito.
Ali quietinha deitada,
esperando a dor passar
Adormeci, sonhei com a paz
do barulho da casa cheia,
Acordei sem dor, sem
lágrima, com a fé e a esperança renovadas.
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